Ben affleck sentado e reflexivo na beira da piscina no filme águas profundas

Sabe aquele momento em que você quer criar uma história, mas não sabe sobre o que falar? Então, Deep Water ou Águas Profundas, filme de suspense com Ana de Armas e Ben Affleck resume bem isso.


Águas profundas é o tipo de filme que nem o carisma do elenco consegue salvar o desastre criado pelo próprio filme. Deep Water é baseado no romance de Patricia Highsmith, que pelo que eu andei investigando, é pior do que o filme, mas isso é o que eu ouvi dizer, não posso confirmar porque nunca li o livro.

ana de armas sentada na grama olhando para ben affleck no filme águas profundas

E aqui a gente vai acompanhar a história do casal, Melinda (Ana de Armas) e Vic (Bem Affleck). Os dois estão passando por dificuldades no casamento e no meio disso vai rolar alguns jogos psicológicos, traição e muita esquisitice. Já de cara a gente percebe que o relacionamento deles é um negócio no mínimo estranho. É uma mistura de apatia, sentimentos escondidos, obsessão só que a tradução disso no enredo ficou completamente surreal. Sério, eu esperei até quase o final uma explicação, que não veio, pro comportamento deles porque aquilo ali é tudo menos um casamento.

Os dois vão pra uma festa, a mulher vai pra um lado e ele fica parece um stalker olhando ela se envolver com outros homens na frente de todo mundo! Não faz o menor sentido isso. E pra tentar contornar isso, a explicação que eu criei na minha cabeça pra isso foi: bom, em algum momento do filme eles vão falar que eles são separados de corpos e só moram juntos por causa da filha, pra manter as aparências, mas não tem explicação nenhuma, então a gente deduz que supostamente eles são um casal “como outro qualquer”, o que é muito bizarro.

E pra completar mais ainda essa bizarrice, além da Melinda desfilar com os amantes na frente dos amigos deles, leva os caras pra dentro de casa como se não fosse nada. Os amigos até acham um pouco ruim, mas também o marido meio que consente com isso, o que me deixou incrédula durante o filme todo porque não dá pra acreditar que alguém permita algo tão exposto, nem a pessoa mais trouxa desse mundo aceitaria uma situação dessas.

Aí a resposta do filme pra isso qual é? O cara deixa ela se envolver com outros na frente dele e de todo mundo mas em compensação ele mata todos os amantes dela então ele não é tão trouxa assim.

Ok, eu sei que a ideia do filme era demonstrar dependência emocional de ambas as partes, era criar todo um cenário de obsessão e suspense, mas na prática não deu certo porque o filme não desenvolve nenhum dos pontos. A gente não tem aprofundamento do relacionamento deles, então a gente não sabe quais as motivações deles pra fazerem essas loucuras, a gente não sabe quem os personagens são no íntimo e muito menos como o relacionamento deles chegou nesse ponto. E se a gente não tem isso, toda obsessão que o filme tenta criar fica completamente infundada e a gente não entende porque eles agem assim. 

E sobre o suspense pior ainda, porque o filme não se dá ao menos trabalho de tentar esconder ou confundir a gente, ele já entrega de primeira o que está acontecendo matando qualquer interesse em tentar descobrir alguma coisa. Era mais fácil o filme se chamar águas rasas, já que nada aqui é profundo, nem as águas e nem a história.

No final das contas o filme parece um looping infinito e se resume nisso: eles vão a uma festa na casa de amigos, ela se envolve com um novo amante, o marido se deixa ser feito de trouxa e acaba matando o amante. O ciclo se repete infinitamente até o fim então bastava assistir o início e pular pro final que você não perderia nada. E por falar em final e looping, aqui você vai ter exatamente a mesma cena do começo e é isso, o filme começa no nada e vai pra lugar nenhum.

Então para resumir, a melhor coisa do filme foi a garotinha, Trixie, é a única coisa se salva aqui. E se você está procurando um filme de suspense bom, nesse estilo, é melhor ver Garota Exemplar que é infinitamente superior.

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