A saga dos dinossauros se encerra com nostalgia, muito clichê e conveniências.


1993 foi o ano de estréia do estrondoso sucesso Jurassic Park. Dirigido por Steven Spielberg, o Parque dos Dinossauros (título brasileiro) conquistou legiões de fãs deslumbrados com o cenário em que dinossauros e seres humanos poderiam coexistir. 22 anos depois, Jurassic World veio com a promessa de fazer os espectadores reviverem a experiência. 


Tivemos a reabertura do Parque dos Dinossauros, com novas criaturas fruto de experiências genéticas, mais ferozes e mais inteligentes. 

Todos sabemos a sina de sequências, reboots, spin-offs e afins: apesar da insistência, o resultado raramente é satisfatório. A nostalgia, normalmente, é o que matem as bilheterias  abastecidas.
Jurassic World conseguiu entreter e trazer o sentimento nostálgico sem o amargor do pensamento: “não deveriam ter mexido nessa estória”. A trama agradou novos espectadores e deu esperança aos já fãs do parque dos dinossauros de que haveriam novas e emocionantes cenas com criaturas monstruosas e impressionantes.


A sequência,  Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), funciona como capítulo intermediário tirando os dinossauros do parque e os ambientando no mundo junto com os outros animais e, é claro, os humanos. Jurassic World: Domínio parte desta questão: como lidar com os dinossauros afetando o nosso ecossistema? Mas não se aprofunda nisso.

Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) escolhem viver isolados para proteger, tanto Maisie Lockwood (Isabella Sermon), quanto a velociraptor Blue.  Maisie é alvo de buscas da BioSyn por ser conhecidamente o primeiro clone de um ser humano. A empresa é liderada por Lewis Dodgson (Campbell Scott) que detém as patentes de engenharia genética de dinossauros. 


Após a garota e a velociraptor serem sequestradas por contratados pela BioSyn, o casal inicia uma aventura de resgate. A estória se desenvolve com dois núcleos diferentes que se convergem no final do segundo ato do longa. Esse segundo núcleo tem a participação de personagens da trama dos anos 90: a Dra. Ellie Sattler (Laura Dern) descobre uma espécie pré-histórica de gafanhotos que está destruindo plantações de produtores independentes. BioSyn, cujas plantações são as únicas evitadas pelas novas e curiosas pragas, vira alvo de suspeita de Elli, que pede ajuda de seu velho amigo Dr. Alan Grant (Sam Neill) para tentar juntar provas que comprovem o envolvimento da empresa com os ataques dos gafanhotos.

Embora o primeiro Jurassic World tenha acertado no desenvolvimento da estória dos novos dinossauros com os humanos, não tem como dizer o mesmo do capítulo que encerra a saga. Domínio é decepcionante.


Colapso ambiental por culpa da ambição de grandes empresas, questões morais envolvendo manipulação genética e até clonagem humana: nada disso é aprofundado, e pior, é tratado de maneira clichê e piegas. 

Há breguice no discurso (que é usado em longos monólogos no inicio e no fim do filme, além de longos discursos expositivos sobre genética ao longo do filme), breguice no uso da música tema do filme clássico em todas as vezes que certos personagens aparecem em cena, breguice nos vilões caricatos e breguice nas resoluções convenientes demais (menção honrosa aos gafanhotos que, ao invés de pegar fogo, carregam o fogo em direção a floresta, incendiando tudo). 

Os animatrônicos e efeitos especiais são bem feitos e os atores são ótimos. Destaque para Isabella Sermon no papel da Maisie e para Jeff Goldblum no papel de Dr. Ian Malcon. DeWanda Wise dá vida a pilota Kayla Watts (que ajuda no resgate de Maise) que é uma personagem carismática e que traz certa leveza a trama. Mamoudou Athie vive Ramsay Cole que é até importante pro desenvolvimento da estória, mas (talvez por falta de tempo?) é mal desenvolvido (se é que dá pra chamar de desenvolvido). 


Outro tema que é abordado, porém de maneira rasa, é a relação de mãe e filha das personagens Claire e Maisie. Desde o inicio do filme esse tema nos é apresentado e ficamos esperando um desenrolar mais claro da relação das duas, porém isso nunca acontece.

Os dinossauros tem poucos momentos de tela, e quando aparecem significativamente, não há o deslumbre impactante que os filmes clássicos conseguiam transmitir. Até em uma luta entre os dinossauros ao final do filme, o impacto não acontece. O Giganotossauro, “maior predador que já pisou na terra” (parafraseando uma das falas do filme) não parece ser tão grande assim… especialmente quando aparece ao lado de outros dinossauros. 


Ao terminar as duas horas e meia o sentimento que fica é de alívio em lembrar que este foi o último filme da saga. É melhor que se encerre por aqui mesmo.